quarta-feira, agosto 1

Eu passei a noite com ele, conversamos, vimos um filme e nos olhamos. Nos beijamos! Agora estou sentada falando dele vestida com um casaco de lã que ele mesmo me deu, com seu cheiro e nem por isso e nem com isso consigo esquecer o outro. Aqueles olhos eram meus e mais que os olhos, o olhar. Ele penetrava nos meus e assim passávamos a noite inteira, nos encontrando nos encontros dos nossos olhares. Não consigo não deixar de falar dele, de pensar nele, de amar ele. Sou e sempre fui verdadeira com meus sentimentos, por isso não posso mentir pra mim. Não ligo de não tê-lo, mas ligo se não "pensa-lo". Sinto me vazia, com o coração machucado e frágil. Ele sempre me encorajou e sempre foi o melhor que eu podia ter pensado pra mim, se ele foi embora é porque não era pra ser pra ele, mas pra mim... ele ainda existe. Ele me fazia não ter medo. Certa vez estávamos numa especial de parque, um parque que mais parecia com aqueles de noticias de tragédia nos telejornais. Eu por mim, cheia de mim queria mostrar coragem e por fim paramos na porta do brinquedo mais perigoso do parque, os motores gritavam, as ferragens ruíam, mas nem por isso fiquei com medo. E ele me dizia que não iria. Eu ameacei ir sozinha e ele me seguiu sem retrucar. Sentamos um pouco acima e enfim o brinquedo ligou, ele balançava que no começo a sensação era boa, meus cabelos voavam e conseguiu enxergar a cidade toda de uma maneira ampla, só que alguma coisa não estava certa. Ele me apertava as mãos, geladas e seu rosto pálido me fez diagnosticar medo de altura. Eu sempre tive medo de altura, mas aquele brinquedo não era pário com minha coragem. De repente, todos que estavam lá começaram a gritar e eu não tinha percebido até então, porque os olhos deles estavam me chamando atenção mais que o normal. Aquilo começou a balançar tão alto que eu mal podia sentir minhas pernas e meu estômago parecia saltar pela boca, meus olhos se fechavam com todo força e minha mãos agarraram a dele. Meu desespero fluiu, meu medo aflorou e meus sentidos não estavam mais ali. Eu olhei para os olhos que sempre me acalmavam e quando os olhei, ele estava sereno. Porque sereno? Naquela situação? Se a pouco minutos os olhos dele estavam quase que na boca? Eu gritava e não entendia. Ele me abraçava e eu acalmava. Ele segurou meu queixo, olhou em meus olhos e disse: " Você está com medo?" Eu olhei pra ele sem meus sentidos e respondi : " O QUE ACHA? "  Ele novamente, com toda calma me disse : Essa é a pior sensação da minha vida, mas eu não estou com medo." Eu por minha vez: "Como não está com medo?"
Ele sussurrou em meus ouvidos : Sabe porque eu não posso sentir medo? E eu: hmm? Ele: Porque você está com medo! E eu preciso te proteger. Não posso ter medo, tenho que ter coragem. Deus me deu coragem pra cuidar de você." E meus olhos fixaram, como sempre se fixou nos seus, apertei sua mão e foi quando o brinquedo parou. Na última badalada da barca ele virou e disse só pra mim : Eu te amo!". Agora, depois de tudo passado eu te digo, eu ainda te amo, vou sempre amar.

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